Maio é um mês com datas cheias de significados simbólicos: no dia 15 de maio é celebrado o Dia Internacional da Família, data instituída pela ONU para reforçar a importância das relações familiares na formação de crianças e adolescentes.
A ocasião convida à reflexão sobre o papel exercido pela família no desenvolvimento educacional. No Brasil, onde os desafios sociais frequentemente limitam o o à educação de qualidade, o apoio familiar pode ser o principal diferencial na construção de trajetórias transformadoras.
Aqui no Espírito Santo, uma história que ilustra bem essa força vem do interior do Estado. A auxiliar istrativa Shirles Adriana Kieper, 51 anos, decidiu mudar de vida quando o filho, Karl, de 15 anos, foi aprovado em um concorrido processo seletivo do Instituto Ponte.
O Ponte é uma ONG que tem como missão ser a ponte para a ascensão social em uma geração por meio de oportunidades educacionais de excelência através de uma metodologia de formação integral. Para que o Karl pudesse estudar em Vitória, Schirles deixou sua cidade natal, São Gabriel da Palha, e enfrentou um recomeço.
“Foi um processo muito difícil. Chegamos sem casa, sem emprego, e com muito receio. Eu chorava escondida, pensando se conseguiria trabalho. Mas o olhar do Karl, a determinação dele… Isso me dava forças todos os dias”, lembra Shirles, emocionada. Ela conta que o filho sempre demonstrou sede de conhecimento, buscando conteúdos além da escola desde pequeno.
“Quando ele foi aprovado no processo seletivo do Instituto Ponte e soube que poderia ter melhores oportunidades de ensino, ficou radiante. Aquele momento foi um divisor de águas pra gente.”
FORTALECIMENTO EMOCIONAL
A história de Karl não é exceção entre os estudantes do Instituto Ponte, que hoje atende mais de 360 alunos ativos de 12 estados e 104 municípios do país, sua trajetória mostra o impacto que o envolvimento da família tem na vida escolar e emocional dos jovens.
“A principal diferença está no fortalecimento emocional. Um jovem que conta com uma família presente – e aqui é importante compreender ‘família’ como uma rede de apoio, independentemente da configuração – tem muito mais chances de se desenvolver de forma saudável”, explica Leia Brag, coordenadora de Projetos de Ensino do Instituto Ponte.
Segundo ela, o essencial é que o jovem se sinta respeitado, desafiado e acolhido. “É nesse ambiente que ele se prepara para viver as nuances da vida adulta: os desafios profissionais, os relacionamentos, a convivência com os colegas. O apoio familiar não elimina as dificuldades, mas sustenta o jovem emocionalmente para lidar com elas.”
No caso do Karl, a mudança de ambiente exigiu adaptação e maturidade emocional. O adolescente, que estava matriculado em uma escola da rede pública no interior do estado, em São Gabriel da Palha, mudou-se para a capital e conseguiu bolsa em uma escola particular, na Escola Americana de Vitória (EAV) – uma das frentes do Instituto Ponte, que oferece aulas de contraturno, curso de inglês, orientação pedagógica e apoio psicológico, além da possibilidade de bolsas de estudo em instituições parceiras.
“Quando o jovem entra em uma nova escola, ele precisa de segurança para se colocar nesse espaço. Precisa se sentir parte, incluído, respeitado. Isso só é possível com uma base familiar que empodera, que transmite confiança”, pontua Leia.
Além de acompanhar de perto os estudantes, o Instituto Ponte mantém ações voltadas também para os familiares. “Temos formações mensais para os pais, rodas de conversa com especialistas, projetos de orientação de vida e carreira. Criamos um espaço onde as famílias também aprendem, compartilham, se fortalecem”, conta a coordenadora.
A ONG também instituiu um conselho de pais que atua ativamente no apoio a outras famílias e alunos, formando uma rede de acolhimento e engajamento.
Esse apoio é parte fundamental da metodologia desenvolvida pelo Instituto para promover a ascensão social em apenas uma geração. Segundo dados da própria organização, 93% dos estudantes são aprovados em vestibulares até um ano após o fim do ensino médio, e 100% concluem essa etapa na idade adequada, contrastando com a média nacional segundo o IBGE, de 73,3%.
Essa rede fez toda a diferença para Shirles. Hoje, mais de um ano após a mudança, ela vê os frutos da decisão corajosa que tomou. “Não tenho dúvidas de que tudo valeu a pena. Quando vejo meu filho com brilho nos olhos, se dedicando aos estudos, sonhando alto, eu só consigo agradecer.” (Da Redação com assessoria)
